Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11612/2374
Autor(a): Lima, Isnaya Almeida Brandão
Orientador: Maciel, Erika da Silva
Título: Promoção da saúde bucal em escolares quilombolas do Tocantins
Palavras-chave: Populações vulneráveis; Promoção de saúde; Educação em saúde; Saúde bucal; Quilombola; Vulnerable populations; health promotion; health education; oral health
Data do documento: 28-Fev-2020
Citação: LIMA, Isnaya Almeida Brandão. Promoção da saúde bucal em escolares quilombolas do Tocantins. 2020. 105f. Dissertação (Mestrado em Ensino em Ciência e Saúde) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Ensino em Ciência e Saúde, Palmas, 2020.
Resumo: Introdução: A população quilombola brasileira ainda sofre as consequências de um passado de preconceitos, discriminação, injustiça, desigualdades e iniquidade. As famílias que ainda resistem nas comunidades remanescentes de quilombos convivem com significativas desigualdades econômicas, políticas, sociais e culturais que refletem diretamente no comprometimento da saúde. Condições precárias de saúde bucal, por exemplo, são consequências da dificuldade de acesso às ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde da boca. E é dessa necessidade declarada de reduzir as desigualdades em saúde que surge a Promoção de Saúde, uma política cujo movimento preconiza diferentes campos de ação em busca da qualidade de vida e bem-estar das populações. Dentre eles, destacam-se a capacitação da comunidade e o desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, os quais requerem a incorporação de ações educativas, sejam elas voltadas para o autocuidado ou para a educação popular. Objetivo: Estimar a prevalência de cárie e avaliar o impacto de um programa de educação em saúde bucal na melhoria da condição de higiene oral em escolares quilombolas. Metodologia: Trata-se de um estudo comunitário quase-experimental, prospectivo, comparativo, do tipo antes e depois, com 48 escolares de 05 a 12 anos de idade de uma comunidade quilombola do estado do Tocantins. Após o cálculo da prevalência de cárie, foi executado um Programa de Educação para Promoção de Saúde Bucal através de oficinas lúdicas e ações coletivas de escovação dental supervisionada e aplicação tópica de flúor, cujo impacto foi mensurado ao final da intervenção. Os instrumentos utilizados nas coletas de dados foram os questionários socioeconômicos e as fichas para cálculo dos índices ceo-d/CPO-D e IHO-S. Resultados: A prevalência de cárie da amostra total foi de 78,72%. O ceo-d aos 5 anos foi de 1,5 e o CPO-D aos 12 anos foi de 1,25, com predomínio dos componentes “c” e “C”, respectivamente. Dos 37 escolares que apresentaram história de cárie, apenas 2 (5,4%) tiveram acesso ao serviço odontológico restaurador. Com relação à classe social, foi possível observar que todos pertenciam às classes C2, D ou E, e 62,2% eram beneficiários do Programa Bolsa Família. Quanto ao acesso à água de abastecimento público fluoretada, obteve-se uma cobertura de apenas 35,1% desse benefício, de modo que a maioria das famílias faz uso das águas de poços ou de nascentes. E por fim, sobre o impacto da ação educativa, observou-se que os escolares quilombolas não tinham hábitos satisfatórios de higiene oral (IHO-S inicial de 1,84) e que a intervenção com foco na educação em saúde bucal impactou positivamente na condição de higiene oral, comprovada pelo IHO-S final de 1,17. Conclusão: Os resultados encontrados sugerem dificuldades de acesso ao serviço odontológico curativo, reduzido fornecimento público de água fluoretada e necessidade de maior atenção à saúde bucal por meio de frequentes ações de educação e promoção de saúde. Assim, apesar de ser lento e gradual, o processo educativo tende a gerar resultados satisfatórios a médio e longo prazo. Por isso, torna-se essencial a união entre comunidade, profissionais e políticas públicas de saúde para reduzir a prevalência de doenças bucais na população quilombola.
Abstract: Introduction: The Brazilian quilombola population still suffers the consequences of a past of prejudice, discrimination, injustice, inequality and inequity. The families that still resist in the remaining quilombo communities live with significant economic, political, social and cultural inequalities that directly reflect on the compromise of health. Poor oral health conditions, for example, are consequences of the difficulty in accessing actions to promote, prevent and recover oral health. And it is from this declared need to reduce health inequalities that Health Promotion arises, a policy whose movement advocates different fields of action in search of the quality of life and well-being of the populations. Among them, we highlight the training of the community and the development of individual and collective skills, which require the incorporation of educational actions, whether directed towards self-care or popular education. Objective: To estimate the prevalence of caries and evaluate the impact of an oral health education program on improving oral hygiene conditions in quilombola schoolchildren. Methodology: This is a quasi-experimental, prospective, comparative community study, of the before and after type, with 48 schoolchildren from 5 to 12 years old from a quilombola community in the state of Tocantins. After calculating the prevalence of caries, an Education Program for the Promotion of Oral Health was carried out through playful workshops and collective actions of supervised tooth brushing and topical application of fluoride, whose impact was measured at the end of the intervention. The instruments used in data collection were the socioeconomic questionnaires and the forms for calculating the ceo-d / CPO-D and IHO-S indices. Results: The prevalence of caries in the total sample was 78.72%. The ceo-d at 5 years was 1.5 and the CPO-D at 12 years was 1.25, with a predominance of components “c” and “C”, respectively. Of the 37 students who had a history of caries, only 2 (5.4%) had access to the restorative dental service. Regarding social class, it was possible to observe that all belonged to classes C2, D or E, and 62.2% were beneficiaries of the Bolsa Família Program. As for access to fluoridated public water supply, coverage of only 35.1% of this benefit was obtained, so that most families use water from wells or springs. And finally, on the impact of educational action, it was observed that quilombola children and adolescents did not have satisfactory oral hygiene habits (initial IHO-S of 1.84) and that the intervention focused on oral health education had a positive impact in the condition of oral hygiene, confirmed by the final IHO-S of 1.17. Conclusion: The results found suggest difficulties in accessing the curative dental service, reduced public supply of fluoridated water and the need for greater attention to oral health through frequent education and health promotion actions. Thus, despite being slow and gradual, the educational process tends to generate satisfactory results in the medium and long term. For this reason, the union between community, professionals and public health policies is essential to reduce the prevalence of oral diseases in the quilombola population.
URI: http://hdl.handle.net/11612/2374
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